terça-feira, 6 de janeiro de 2009

A Voz 03/01/2009

Assassino de Policiais de Rio das Ostras é preso quando chegava em casa no Bairro do grajaú zona norte do Rio de Janeiro.



Lotados no Auxílio à Polícia de Trânsito (APTran) do 32º BPM (Macaé), o sargento Rogério Barberino, 46 anos, e o soldado Leandro de Moura Teixeira, 25, realizavam patrulhamento de rotina no Centro de Rio das Ostras quando foram acionados para conter uma discussão a poucos metros da rodoviária, por volta das 17h30 desta sexta-feira, dia 2 de janeiro. Ao chegarem no local, na Rodovia Amaral Peixoto, encontraram o técnico de som Ricardo Carneiro Essucy, 44, em companhia do filho de 10 anos de idade, discutindo com um motorista por causa de uma vaga de estacionamento. O soldado Moura abordou os dois e solicitou que eles mostrassem os documentos. O motorista entregou a identidade e o documento do carro, enquanto o técnico de som disse que iria pegar os dele no porta luvas de seu automóvel – a Parati prata placa LPH 1225. Ao invés de voltar com os documentos, ele tirou uma pistola calibre 380 do interior do veículo e disparou diversas vezes contra o PM. Ao presenciar a execução do colega, o sargento Barberino saiu da viatura e também foi atingido por vários tiros. Após atirar contra os policiais com sua arma e vê-los caídos no chão, o técnico de som roubou a pistola calibre 40 do sargento e resolveu dar o tiro de “confere” – para assegurar que eles não sobreviveriam - nos PMs. Foram três tiros em cada um. Um guarda municipal que estava a poucos metros do local do crime tentou impedir que o técnico de som continuasse atirando contra os policiais e também foi alvejado. No entanto, não foi baleado. O crime ocorreu em uma das principais vias do município, a poucos metros da rodoviária, de uma sorveteria e de uma Igreja Católica. Dezenas de pessoas circulavam pelo local no momento do tiroteio e entraram em desespero com a cena de selvageria. A execução dos PMs chocou a cidade, de cerca de 90 mil habitantes. Os corpos do sargento PM Rogério Barberino e do soldado PM Leandro de Moura Teixeira foram sepultados, respectivamente, nos cemitérios Jardim da Saudade, em Sulacap, na Zona Norte do Rio, e Âncora, em Rio das Ostras, na tarde deste sábado, dia 3 de janeiro. Os dois enterros foram realizados às 16h30 e tiveram honras militares pois os policiais foram assassinados em serviço. O registro foi feito na 128ª DP (Rio das Ostras). Prisão Após executar os dois policiais militares, o técnico de som Ricardo Carneiro Essucy, conhecido como Menudo, 44, fugiu. Ele foi até a casa que possui no bairro Costa Azul e buscou a mulher, a dona de casa Maristela Chaves Moreira, 41. Policiais militares do 32º BPM estiveram na residência e apreenderam diversas armas – entre elas, a pistola que havia sido roubada do sargento morto - e munições, além de maconha. No entanto, não encontraram o casal, que havia fugido em direção ao domicílio da família, na capital. Ao chegar na garagem do edifício onde mora, na Rua Barão do Bom Retiro, no Grajaú, na Zona Sul do Rio, Menudo foi surpreendido por agentes do Serviço de Inteligência (P-2) do 6º BPM (Tijuca), que já o aguardavam. No apartamento, os PMs apreenderam três escopetas, uma espingarda, quatro revólveres, uma máquina para recarga de munição e dezenas de munições para diversos calibres. Uma das escopetas e dois revólveres calibre 38 estavam registrados em nome da dona de casa. Algumas das outras armas estavam em nome do técnico de som. Todos os registros estavam vencidos. Ele e a mulher foram levados para a 19ª DP (Tijuca), onde o delegado Alexandre Herdy, que estava de plantão na unidade, os autuou em flagrante. A dona de casa pagou fiança de R$ 6 mil pelo posse ilegal de arma de fogo e vai responder ao crime em liberdade. Já o técnico de som, que além de posse e porte ilegal de arma de fogo e de munição, foi autuado duas vezes por homicídio qualificado, vai permanecer à disposição da Justiça na carceragem da Polinter. Ele pode pegar de 24 a 60 anos de prisão. Sócio de um estúdio de gravação, mixagem e masterização localizado em Copacabana, na Zona Sul do Rio, o técnico de som, conhecido pelo apelido de “Menudo”, trabalhou com diversos artistas. Entre eles, Engenheiros do Hawaí, de quem foi técnico de gravação no álbum “O Papa é Pop”, e Chico Buarque, de quem foi assistente de gravação do álbum “Francisco”. “Eu tive porte de arma por muitos anos e me acostumei a andar armado. Aquilo me viciou. O meu porte estava vencido, mas eu não conseguia sair sem a minha arma. Acabei com a minha vida, a vida de duas famílias e não sei se vou matar a minha mãe do coração e a minha mulher de desgosto. Ainda bem que o meu pai morreu de câncer, há seis meses, e não está vendo isso tudo acontecendo”, disse o técnico de som, que praticava tiro esportivo em clubes de Itaboraí e São Gonçalo.